segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sobre pulgas e elefantes

Então o blog estava às moscas por uns vinte dias.
às moscas não.
O blogue, assim como minha casa, e aparentemente toda a minha vida, estava entregue às pulgas.
Sim.
Aqueles seres minúsculos e pululantes, que habitam os pêlos do seu cachorro.
Sim, aqueles.

Alguns podem associá-los a pestes e doenças, outros podem lembrar dos bichinhos com simpatia, rememorando alguma pulguinha que um dia habitou um conto ou uma musiquinha infantil, ou seus fofos bichinhos de estimação. Outros, ainda, podem simplesmente associá-las à insignificância que é afinal de contas o tamanho de cada um de nós aqui na terra: "ele é uma pulga. uma reles pulguinha..." e ao significado da nossa existência.

Pois bem.

O fato é que Elas, as pulgas, vieram. Viram.
Quase venceram.
Colocaram, sorrateramente e em silêncio completo, sem fazer alarde, seus ovos (milhares deles) nas frestas de meus velhos tacos. O piso do meu apartamento é de taco. Até outro dia achava isso lindo. Hoje, sou uma pessoa mais sábia e que sabe: as pulgas compartilham dessa minha opinião.

E, num dia de calor, ela vieram. Saíram de seus ovos. E conheceram a luz .

Pisei na primeira.
Continuei meu caminho.
Veio a segunda.
A terceira. Pisei na segunda e na terceira.
Vieram todas.
Pisaram em mim.


Subiram pelas minhas pernas, exploraram minha bunda, entraram pelos meus braços. Fui toda mordida. Picada. Invadida.
Olhava meus lençóis e elas estavam ali. Olhava minhas toalhas e elas estavam ali. Nas minhas roupas, no meu chão.
Pequenas e dominadoras.
Atrapalhavam meu sono e lembravam-me que não há paz nesse mundo.



Virei metafísica. As pulgas tornaram-se caso de análise, se análise fizesse. Assunto da mesa de bar, do balcão do café, das confissões de alcova, dos papos de msn. Invadiram minhas horas, meu sono e minha mente. Eram donas do meu corpo.
estava tudo dominado. As pulgas.

Algo tinha que ser feito.
Logo.
Sem dó nem piedade.


Os sites de dedetização:

Ok, confesso. Sou do tipo que odeio insetos e bichos escrotos que saem do esgotos. Quero que morram. Que deixem meu lar, meu jantar e meu pobre paladar em paz e desintegrem-se nas nuvens do ddt mais próximo. Não suporto. Sou daquelas que vê uma barata e começa a gritar histericamente. Perco a compostura e a coragem, a força a dignidade e tudo o mais que sempre luto para manter. Não mato, não enfrento, não gosto nem de ver. Sou do tipo que em casos extremos chama o zelador.
E lá fui eu: mulher, sozinha - buscar uma empresa de dedetização.
Era um sábado.
Oito da manhã.
Internet: Pulgas. Morte. Fim. Eliminação. Solução final.
Nem piscava.
Mas confesso: foi duro. Foi difícil.

As empresas de dedetização aparentemente têm orgulho de seu trabalho.
E cultivam uma espécie de relacionamento mórbido e ao mesmo tempo afetivo com suas presas. Enfeitam seus sites com fotos dos bichos. Há ilustrações.
Mil fotos. Acompanhadas de textos explicativos.
Fotos de quando eles são larvas, fotos dos ratinhos, fotos das baratas, dos cupins, da fase seilá o quê, fotos de tudo. Aquelas que você nunca quis ver na vida. Pornográficas. Horríveis. Fotos e fotos, acompanhadas de nomes e historinhas da vida morte e reprodução dos bichos.

Era suficiente.

Liguei.

Sábado. Nove da manhã.
A primeira companhia não atendeu.
Enquanto via aflita mais uma maldita pulga ( porque pulga nunca pode ser masculino, não tinha pulgo nenhum, eram todas pulgas, as malditas) subindo pelas minhas pernas, a segunda companhia atendeu:
- Bom dia - eu disse. E logo relatei a dura, cruel e crua realidade: - Preciso de alguém que salve a minha vida.

A exploração de uma moça aflita:


O mocinho do atendimento nem piscou, estava acostumado, parecia que fazia isso todos os dias:
- Pois não minha senhora. Estamos aqui para isso.
- Graças a deus, - respondi.
- Em que podemos ajudá-la? - eu podia ouvir o sorriso do outro lado da linha, mas resolvi ignorar.
-Eu já expliquei moço: Preciso de alguém que salve a minha vida.
- O salvador - digo, o moço - está indo para a residência da senhora agora mesmo.
- Sério? ufa...
respirei aliviada.

Momento para as fac:

Não, eu não liguei para outras companhias. Não, eu não fiz outros orçamentos. Sim, eu falei "que bom, graças a deus, obrigada, ufa. ". Falei, pronto. Pronto, falei.
E duas horas mais tarde o mocinho apareceu lá em casa para fazer o orçamento mais caro do mundo.

O significado das pulgas

O exterminador vestiu suas vestes de astronauta, preparou o veneno e reinou pela minha casa por cerca de uma hora.
-Havia pulgas por todos os lados minha senhora.
- Eu sei!!!
- Tivemos que usar uns vinte litros de veneno minha senhora...
- Sei...
- Cada litro custa xis minha senhora.. .
- Entendo...
- O cheiro está muito forte, a senhora só pode voltar para sua casa daqui a dois dias.

E assim vi-me só, em meu carro, derrotada, envenenada, expulsa de minha casa por seres menores, mais numerosos e aparentemente mais fortes que eu. As pulgas eram o meu pouco salário, as pulgas eram a lembrança de uma reforma cheia de problemas, as pulgas eram a vizinha insuportável , eram sinal de como não sabia cuidar da minha casa, eram a destruição de toda a minha vida, a constatação firme e absoluta de que tudo, absolutamente tudo, estava errado, sinal inequívoco de toda a minha incompetência para a existência nesse mundo. As pulgas eram várias. Uma legião. E estavam ali para acabar comigo, tomar meu chão e meu teto, retirar de mim todo meu dinheiro e acabar com a minha pele.
Algo assim.

Naquele momento, fiz o que podia fazer:
chorei, entrei no carro, comprei sapatos e fui encher a cara na casa de uma amiga.
Depois deprimi .


Estava fudida: sem casa, sem grana, pulguenta. Era um próprio cão abandonado e sem dono, vagando pela cidade.
Sim.
A essa altura as pulgas já tinham tomado proporções elefantescas.


Fui para a casa do meu pai, refúgio sempre aberto para as minhas aflições.
Fiquei lá dois dias. No terceiro dia , voltei para casa. Aproveitei para dar uma geral, fazer finalmente arrumações sempre adiadas, organizar papéis velhos, trocar os móveis de lugar. A casa estava melhor, as coisas pareciam estar em ordem.

No sétimo dia, as pulgas voltaram.

Lá estavam elas novamente. Vingadoras, absolutas, reinantes, imortais. Eram pulgas superatômicas, mutantes, x-pulgas, sei lá. O fato é que elas haviam voltado, imunes ao veneno. E estavam ali para me ensinar algo. Nunca podemos folgar, pensar que tudo está bem, que os problemas acabaram. Não se pode deixar uma fresta, um espaço da casa sem verificação, revirem-se as gavetas, arrastem-se as mesas, desdobrem-se os lençóis.
Voltei para a casa do meu pai. Derrotada e perdida.
Era o fim.
Dei adeus a minha casa.
Retirei todas as roupas do meu armário e levei-as para a lavanderia. Esvaziei as gavetas de papel. Retirei todos os grãos da despensa, separei meus livros mais queridos.

E na casa do meu pai, deitada, esperava pelo pior.

As pulgas se transformariam em cupins que devorariam o prédio, fazendo com que ele caísse e junto com ele levasse o bairro inteiro. As pulgas eram o primeiro sinal de uma nova praga que assolaria a humanidade e acabaria com todos nós. As pulgas me devorariam viva. As pulgas festejavam sua vitória. Eu nunca mais voltaria para casa, e teria que sempre dar a patética explicação para a derrota minha na vida: foram as pulgas. Elas venceram.


E então, depois de muito choro e muita vela veio a luz:
as pulgas eram uma espécie de libertação.
Elas que ficassem com a casa.
Elas que ficassem com a roupa.
Elas que comessem todo meu dinheiro.
Não precisava de nada disso.
Não precisava de nada.

Podia ser expulsa, podia ser presa, podia ser devorada, mas sempre teria a mim. A minha consciência e a minha mente as pulgas não conseguiriam nunca atingir ou aprisionar.


Era uma mulher livre.

E montada em elefantes, pisoteei cada pulguinha. Procurei acabar com todas elas, uma a uma, em meio aos meus sonhos e ao dia a dia que continuava acontecendo. O exterminador veio novamente. Novamente cobriu meu chão de veneno. Dei uns dias.
Os elefantes faziam seu trabalho .
As pulgas pararam de me assombrar.

E como uma rainha, voltei agora para minha casa. Comprei um aspirador de pó, e ainda não peguei as roupas na lavanderia. Confesso que estou com preguiça, e me viro bem com quatro camisetas, calcinhas e duas calças. Gosto de ver o armário vazio.
Sinto falto dos sapatos.


Continuo pobre.
Continuo inviável.
Continuo engraçada.
Levo cicatrizes da guerra pela perna, braço e bunda.
Estou atenta. Às vezes sinto algo subindo em minha perna, mas quero quer que são os fantasmas de pulgas passadas.

E o elefante está ali, bem atento, para esmagar as pulgas que teimarem em aparecer. Um elefante poderoso e sua rainha sultã, que pisoteia todas elas, uma a uma. As que vivem nos meus tacos, sob meu teto e no sótão da minha mente.
às vezes a gente fraqueja e as pulgas nos invadem, e não há exterminador ou veneno que pareça dar conta. Mas aí, a gente cria força, aprende algo, compra o aspirador de pó, curte a casa do pai um pouco, faz uma narrativa mais feliz, e sobe no elefante.
E as pulgas voltam ao seu tamanho: pequenininhas .

E a gente pode voltar para casa.

sábado, 11 de outubro de 2008

uma coisa romântica

Uma coisa romântica é ler os livros que ele deixou, e sublinhar as passagens mais belas, sabendo que ele procurará os sublinhados e os lerá com curiosidade, e que aqueles traços meus ficarão lá nos livros que são dele, para sempre.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

vida adulta

Dentre os inúmeros mistérios da existência há aquele das pessoas que reclamam da vida adulta. Reclamam e lembram com saudade e nostalgia de quando eram adolescentes ou ( mistério maior ainda) crianças. São adultos que vivem em função de um futuro e na lembrança de um passado onde supostamente eram mais livres, mais belos, mais saudáveis, mais felizes. Para esses, a vida adulta parece ser um acúmulo de responsabilidades sem fim, de obrigações sem sentido, uma vida chata, sem surpresas, sem novos amigos, sem novidades. Mistério mistério.
Não há liberdade maior do que ser adulto, ter a própria casa, o próprio dinheiro, mesmo que pouco, poder ir e vir sem ter que dar satisfações, saber daquilo que gostamos e não gostamos na cama ( na cozinha, no banheiro...) , poder se arriscar e curtir o mundo, sendo donos de nós mesmos. Na vida adulta somos aquilo que escolhemos ser, temos escolha, temos liberdade. basta se abrir para o mundo, ter coragem e sair por aí. Eu, depois dos trinta, fui ficando cada vez mais bonita, cada vez mais livre, cada vez mais segura e cada vez mais corajosa. O futuro não me assusta nem me prende. Tenho a vida que escolhi e gosto muito dela, e assim que devia ser. É muito misterioso para mim quem constrói uma vida da qual não gosta, em nome de filhos, família, casa própria ou sei lá mais o quê. A vida dulta deveria ser vivida como a vida inteira, dia após dia, com alegria e inteireza. Sim, dá pra fazer amigos, descobrir a si mesmo, apaixonar-se, ficar, transar, curtir, sonhar, querer fazer revoluções e se surpreender na vida adulta. E tudo isso fica só mais legal.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Casamento e a Cidade

Reparei que o filme Sex and the city chegou nas locadoras. Para mim, que ando na idade das pedras e não tenho tevê, devedê, nem tevê a cabo é totalmente indiferente, mas serve de pretexto para a escrita sobre o filme, ou... sobre como a busca de sexo e curtição na cidade vira a busca frenética do casamento.

Quando a série estreou, acho que no raiar deste novíssimo século, apresentava-se como algo novo e disruptor daquilo que era usual em séries de personagens femininas. Era uma série sobre mulheres na casa dos trista anos, que curtiam suas amizades e vidas. Belas, estilosas, bem sucedidas e que gostavam - olha só! todos pareciam dizer... - de sexo, e praticavam sexo, com arte, regularidade, e - olha só! todos pareciam dizer... - diferentes parceiros.
Então uma trabalhava em uma galeria de arte, outra era uma badalada produtora de eventos, outra uma super advogada e havia até uma escritora, com direito a uma coluna semanal sobre sexo e a cidade, que dava o eixo da trama. Eu me identifiquei, minhas amigas se identificaram, todo mundo se identificou: mulheres solteiras e de bem com a vida, procurando alguém mas procurando, principalmente, se divertir, procurando caminhos para a sua sexualidade, se metendo em roubadas, acertando e errando por aí, curtindo a cidade, curtindo e cuidando de si, se vestindo de maneira sexy e bem à beça.

Houve quem criticasse desde o início a maneira um tanto superficial como as meninas lidavam com a vida, seu apego exagerado a sapatos e roupas de grife, à imagem em geral, o fato de que a escritora não lia livro algum e uma certa compulsão por homens e sexo e consumo. Ok, mas tudo bem, a séria podia até ser um pouco chata mesmo, mas a idéia de mulheres independentes e livres, fazendo sexo pela cidade, como homens, gozando e se divertindo, usando roupas bárbaras e se dando bem em seus trabalhos era interessante e sim, tinha seu toque libertador.

O final da série já havia sido assustador: a advogada, ex-solteira convicta, casara e se mudara para o Brooklin. Vende seu super apartamento em Manhatan e termina a série numa casa distante das amigas, da badalação, trocando as fraldas do filho e dando banho na sogra já velha e doente, que veio morar com eles.
A galerista pedira demissão, deixara de trabalhar, vivia no apartamento conquistado no primeiro casamento ( mal sucedido - terror dos terrores!) , e graças aos deuses e a uma conversão ao judaísmo casara-se novamente e agora concentrava-se na tentativa de adotar uma criancinha, já que não conseguia ter filhos.
Samantha, talvez a mais liberada sexualmente de todas, tivera câncer e percebe como um parceiro é importante , o mocinho lindo a acompanha durante todo o processo, pega na mão dela, e ela acaba casando também, agradecida e feliz, resolve se dedicar ao moço e à carreira do rapaz.
A escritora não casa, mas quer muito muito casar e, saída de uma relação roubada , volta a procurar o homem da sua vida, apelidado de Mr Big. ( ...)

Fui ver o filme. O que teria acontecido com as meninas? Qual a nova trama? qual o enredo principal?

Bem o filme da série sexo na cidade deveria se chamar "casamento na cidade".
a trama inteira desenrola-se sobre a questão do casamento. O da advogada está em crise e ela depara-se com uma traição do marido. O da produtora de eventos que abandonou sua vida e carreira para cuidar da vida e carreira do menino, também está em crise ( surprise, surprise...). O da outra que abandonou sua carreira para cuidar da casa e da chinesinha ( que apesar de já ter lá sua idade não profere uma palavra no filme inteiro e aparece retratada como uma pequena débilmentalzinha) está ótimo, obrigado e ... last but not least, a escritora reatou com o Mr Big, os dois estão felizes e então... vamos casar. O filme então começa a partir daí, uns casamentos se desmontando, e a outra pirando no casamento dela, com direito a cenas intermináveis de procura de vestidos e conflitos em volta de sapatos, além da questão material de que o casamento assegura, para a mulher, que todos os bens serão divididos no final, se o horror acontecer e aquele bandido te trocar por outra mais magra e mais nova.


O que as mulheres querem, afinal, é casar.

E há amigas minhas que argumentaram que Samantha termina sozinha e feliz, e larga o casamento que a havia engordado e feito dela uma mulher frustrada. Uma pergunta paira no ar: por que uma relação que antes do casamento era aberta e livre torna-se, depois do casamento, uma relação monogâmica, onde a mulher tem que abdicar da sua vida para cuidar da vida do marido? Se a Samantha era uma mulher tão bem resolvida com sua sexualidade e ideais de vida, porque ela não poderia criar uma nova forma de estar junto com alguém, numa relação de companheirismo e igualdade e aberta a experiências sexuais com outras pessoas?Porque ela tem a imbecil idéia de que casar é cuidar do outro e abdicar da própria vida, da própria carreira e da cidade que ama?
Porque casamento é casamento, é casamento, e a uma mulher como Samantha- que quer viver sua sexualidade de maneria aberta e livre - resta ficar sozinha.
A advogada rompe com o marido traidor, volta a morar sozinha, volta para Manhatan, acaba morando em chinatown e em uma cena patética, sai desesperada pelo bairro à procura de alguma pessoa branca (sério).
A do casamento feliz continua feliz, em nenhum momento sente falta de seu trabalho ou da sua vida pessoal e ainda por cima engravida de verdade e terá um filho realmente seu, para fazer companhia à chinesinha bonitinha e mudinha.
E a escritora... a escritora convence o cara a casar mas se deslumbra com o evento casamento, quer algo grande arrebatador, acaba intimidando o homem apaixonado, que fica acreditando que o casamento mata o amor. Mas a ilusão é passageira, um não vive sem o outro e ao final, sim! eles se casam, colocam alianças numa cerimônia discreta e ao final, os três casais e a amiga solteira e já magra tomam brunch regado a sucos ( cadê os cosmopolitans? eu perguntei, numa útima esperança...) e crianças berrando à mesa. Uma mesa feliz.

A certa altura do filme, Carrie está contando uma história de conto de fadas para a menininha chinesa. A história termina com a princesa encontrando ou sendo encontrada pelo príncipe e vivendo finalmente feliz para sempre. É aqui - eu pensei- aqui que vai haver a crítica, por que a felicidade, desde a mais tenra infãncia, significa encontrar o príncipe encantado com quem finalmente nos realizaremos e asseguraremos a felicidade eterna? Que nada. Após ler a história, Carrie vai atrás do seu príncipe, revê tudo e decide que o importante mesmo é casar, e não a festa. Mais madura, segura de si, vai lá e casa.


Eu não tenho nada contra casamento. É uma delícia e maravilha a gente ter alguém que testemunhe nossa existência com olhar apaixonado, é ótimo ter alguém que segura a nossa mão se estamos doentes, ter filhos e fazer um pacto de existência e companheirismo, de cumplicidade profunda, com uma pessoa que amamos é realmente muito bacana e dá significado à existência. O amor é lindo, all you need is love e tudo mais.
Mas...
por que uma série sobre mulheres livres, sobre sexo na vida de mulheres solteiras e bem sucedidas, seguras de si e poderosas, termina sendo uma série sobre a procura do casamento? Por que os casamentos são do modelo mais antigo e careta possível, significando pactos eternos de fidelidade, sacrifícios da carreira ( no caso das mulheres), abdicação, aliança e papel? Por que o enredo do conto de fadas não muda?
O significado da existência não pode ser inventado, não pode acontecer na solterice, os pactos não podem ser recriados.

Ok, é só uma série, mainstream. Uma série mainstream e , no final das contas, careta até o último fio de cabelo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

essas pessoas e seus grupos

Nos último dias estive em duas festas e em ambas espantei-me com a especificidade dos temas. Essas pessoas que gostam de andar em grupo, que mergulham na sua turma e acabam criando uma linguagem, um repertório e até mesmo um gestual e estilo comum me parecem muito, muito chatas... São verdadeiras festas temáticas, formadas por essas pessoas, e seus grupos.

A ver:

Festa dos nerds.
Sim, meus amigos. É claro que a festa dos nerds é sempre em um apartamento, regada a pizza barata, cerveja e cachaça de nome esquisito, tipo Clodoaldo, Clodomiro, algo assim. Deixem-me deixar bem bem claro que amo meus amigos todos, e que talvez eu mesma possa segundo os critérios nerdolengos ser encaixada nessa tal dessa categoria, sei lá, nunca fui boa em esportes e sempre amei ler, gosto de quadrinhos e senhor dos anéis. No entanto, no entanto...
Quando a gente está entre pessoas que de três em três frases riem comentando como são de fato mesmo realmente nerds ( com uma ponta indisfarçável de orgulho) e logo lembram de mais um episódio obscuro de algum filme ou série, e de outro e de outro, e horas se passam e ninguém, ninguém, contou nada sobre a vida, sobre coisas que aconteceram fora dos quadrinhos, do devedê ou dos livros, a gente fica realmente convicta de que, meu deus, ainda bem que os quadrinhos, os filmes, a tevê, existem, senão esse povo todo não teria do que falar. Quando começaram a falar sobre sandman pela quinta vez, fui embora.

Festa do povo de teatro
A festa do povo de teatro acontece sempre num Espaço. Um lugar, cabaré, espaço, no teatro mesmo, sei lá. Na festa do povo de teatro, se a festa é dada por um diretor de teatro, tem muitas atrizes. Muitas atrizes. Atrizes demais. Você chega, entra, e já se sente num ambiente cênico. É bom porque todos te comprimentam com abraços calorosos, massagens, selinhos, gritos histéricos, manifestações públicas de afeto mil. Depois de um tempo enche um pouco: sai prá lá que essas costas são minhas! E depois, a diversão com os figurinos de todo mundo também cansa, e eu me peguei torcendo para ver qual atriz perderia primeiro a pose e se jogaria de fato e de vez na festa. Mas isso não aconteceu. Isso nunca pode acontecer. Todos, todos, estão muito muito preocupados com seu papel, sua performance, seu personagem. A pista de dança é uma coisa louca, você se sente assim numa espécie de show de contorcionistas de circo, todos dançando com as mãos, fazendo caras e bocas e cenas e logo chega o momento em que todos começam a se esfregar porque todos todos são pessoas muito sexuais, sabe? E tudo é tão posudo, e há tantas divas em cada metro quadrado que tudo aquilo fica chato, muito chato... Quando a quinta atriz veio fazer performance em cima de mim, fui embora.

Festa dos intelectuais:
A festa dos intelectuais não é festa, é jantar, oferecido por alguém em sua bela casa. Regado a vinho tinto, com direito a conversa sobre vinhos e preços, e descobertas de tal oferta e retrogosto de ameixas com cogumelos e etc. A comida também é boa. Se for a intelectualidade festiva de esquerda, talvez o tema seja brasileiro, com direito a carne seca com quibebe e tal e talvez role uma caipirinha legítima de cachaça de limão, porque essa falsidade de caipiroska de kiwi não é para intelectual que gosta de povo. Se for uma intelectualidade que já virou professora da usp, a comida será italiana ou francesa, e a bebida é vinho mesmo, embora - é claro - todos ainda continuem gostando de povo e coisas do povo.
No jantar todos são muito bem comportados e bem vestidos, com toques de personalidade e charme, principalmente as mulheres mas ninguém vai comentar sobre unha ou cabelo, pois afinal todos têm consciência social e estamos noBrasil e em meio a tanta desigualdade social não se pode perder tempo e dinheiro com futilidade. Falarão sobre política, sobre bolsas( não as da Prada, aquelas de pesquisa) , sobre financiamentos, sobre as universidades, sobre ensino público e privado, sobre seus papers colóquios e conferências, sobre Marx e tal. Na quinta citação, fui embora.

Festa das bees:
A festa das bees acontece numa buatchy. A música geralmente é boa e a gente tem que caprichar no modelão pois todos vão reparar em tudo: nas suas unhas, no seu sapato, na sua bolsa, tudo. Se o modelão estiver muito bacana talvez uma bee peça sua bolsa luxo emprestada e saia por aí desfilando pela festa com ela, luuuxooo. Lá, as pessoas não dançam, batem cabelo, sobem no salto e se jogam. Todas ficam falando dos seus casos, dos bafos, e o drama é sempre intenso. Tudo é hiperlativo, na festeeenha das bichas, e as conversas são sempre pontuadas por manifestações efusivas de alegria: tuuu-dooo! A-do-ro!! A-rra-sou. Tem que falar assim, separando as sílabas. As pessoas são todas A-miii-gass, ou gaa-tasss, ou beee-chass. Sempre, sempre, em algum momento, haverá uma louvação à Madonna. As pessoas são até divertidas, mas no quinto papo sobre estilista, e ao ver o quinto casal de homens lindos se agarrando... fui embora.

Talvez ande meio chata. Definitivamente ando de mau humor e cansada. Mas gostaria, um dia,de ir a uma festa onde houvesse bichas e nerds e atrizes e intelectuais e jornalistas, e gente. E onde todos se misturassem e os papos não fossem tão previsíveis, e a bicha pudesse conversar com o aficcionado em quadrinhos, e a atriz com o professor, e todos dançassem e... enfim...
As pessoas, cada vez mais, me parecem muito interessantes. Mas teimam e teimam em andar somente com pessoas que nem elas mesmas, e qualquer grupo específico, onde todos fazem as mesmas coisas, ouvem os mesmos discos e frequentam os mesmos lugares me parece muito, mas muito desinteressante...
A diversidade é bela na mistura. Festas temáticas - que não sabem que são temáticas - me enchem.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Depois de inúmeras revoadas e turbulências, continuamos por aqui, exercendo esse milagre diário que é a existência viva da lulu. E no espanto diário de que ela aconteça sem que grandes acidentes sejam causados, catástrofes provocadas, sem que a lulu se mate sem querer e assim por diante, os dias são meus novamente. Continuo vivendo com arte, e as colheitas voltaram a acontecer na casa de lulu.
Continuo tendo que lutar para trabalhar ao menos um pouco, aquele mínimo necessário para que tudo ande mais ou menos no trilho, e assim vou sempre correndo contra o tempo, o que às vezes me chateia pois meus alunos me salvam a vida diariamente, mas não são, de maneira alguma, minha prioridade. Cuido de todos eles, mas menos que deveria.
A lulu continua na vida leve como o vento, voltou a ser assim, a exercer a prática da leveza, o que deve ser uma lembrança diária. Com ela, em algum lugar, sabe que leva uma promessa e um plano, um homem e um cachorro.
No entanto contudo todavia embora saiba que sim, também acha que talvez não, e por isso, com todo carinho, continua separada daquele que ama, e inclusive talvez por tempo infinito, sabe-se lá, espera-se que não. Mas é fundamental que a lulu esteja agora sem ele, e que ele se sinta sem a lulu, para que ele também possa trilhar seu caminho, sentir seu tempo, seu coração e possa deixar-se guiar por seus próprios passos, e acabe, com alguma sorte, coragem, sabedoria e muita paixão e tesão, sendo guiado até aqui. A lulu espera, e não espera.
O bom é que assim as neuroses, a chatice, e aquelas minhocas gigantes que haviam voltado a frequentar essa cabecinha de vento foram todas embora, pois esse negócio de viver pela metade, de estar num ambiente muito turbulento, cheio de negociações e adivinhas, não é para a lulu. A lulu quer uma vida zen, aventurosa e tranquila, e por isso curva-se ao vento e imita seu caminho, além de esfolar-se diariamente na academia, pois quer um corpo que também seja ele uma obra de arte.
a lulu está bem. e manda notícias do front.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

o uso da palavra amor

Quando a gente ama, sabe que ama. Uma palavra para lá de desgastada mas que se traduz em vontade, vontade de estar perto, de saber os passos, de ser testemunha da vida e dos detalhes da vida do outro, e ter o outro como testemunha da nossa existência. A gente ama e entende e sabe e compreende o outro, profundamente, e se emociona com detalhes nos quais ninguém mais repara, e sabe de coisas que ninguém mais sabe, e ri, e sente falta. A gente ama quando mesmo distante o outro nos acompanha profundamente, sempre, para onde quer que vamos, levamos o outro comigo e somos e nos fazemos melhores porque amamos, e sabemos que o outro vai ver, saber, e gostar. É muito bom amar.

Eu encontrei um amor, um novo amor, um grande amor, um amor no tempo, um amor profundo e cúmplice. E eu talvez desista desse amor, e deixe ele de lado até que vá sumindo, diminuindo, ficando como lembrança de uma intensidade embaçada, uma saudade enorme, do que fomos e do que seríamos.

Porque o meu amor se divide em duas, igualmente. E isso é muito sofrido.

E embora amar seja o que há de mais importante na vida, o que há de mais lindo e belo na existência, embora amar seja tudo e embora amando eu seja uma pessoa maior e melhor, eu não quero estar numa relação que o tempo inteiro é acompanhada de sofrimento, meu, da outra.

Eu quero uma relação livre, aberta, linda, onde eu me sinta livre e meu parceiro seja livre também e possa dizer: vem, venha, sempre que você quiser ou precisar, eu estou aqui, minha casa está aberta, eu estou aberto, e você é prioridade na minha existência.E eu possa dizer: vou, vamos, sejamos.

É isso que eu quero, isso que eu procuro, na nossa inteireza sermos, para nós e por nós, sem deixar que nada se coloque entre nós, construindo nossa obra de arte que é a vida, a arte e o amor. Quero férias junto, quero viagens, quero namoro, quero cumplicidade, quero acompanhar, quero cumplicidade, quero cuidar e ser cuidada, quero poder não contar os tempos, nem os dias, nem as horas, não quero me sentir competindo o tempo inteiro, quero inteireza.

Então, mesmo amando e sendo amada, me sinto só, e estou só, e lá vamos nós outra vez. de novo e sempre, `a procura de uma vida simples e leve, que possa ser compartilhada numa boa, com felicidade e alegria. Porque uma coisa que aprendi é que a gente escolhe como será e como é a nossa vida. E eu quero um amor que me faça sentir bem, leve e segura.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

a situação

Zero dinheiros na conta. Zero, mesmo.
Na geladeira: requeijão. Só.
Quatro provas e cinco aulas para preparar.
O rosto descascando.
Não tem gás em casa.
E amanhã vou para o Paraguai.

domingo, 31 de agosto de 2008

às vezes acontece

às vezes vem, vem e é assim com se mergulhasse numa onda contra a qual não tenho forças. E às vezes, fico como que resignada, e abaixo a cabeça e digo : que venha, então.
Fico assim: de meia e camisola, percorrendo a casa quase como um fantasma que entrou sem querer em casa estranha.
Ou
me jogo na cama, fecho as persianas, entro no edredon e lá vivo, pelo tempo que for. Leio e penso em tudo o que deveria fazer, e não faço, por birra e teimosia.
Ela vem assim como um ser perdido que se encontra em mim e toma conta da minha pele inteira e me turva os olhos que ficam vermelhos de cansaço. e aparece numa voz fraca, num sorriso frouxo, numa falta de vontade para tudo.
às vezes ela vem, uma melancolia profunda. e parece que nessas horas não há jeito de achar o que era mesmo que me fazia feliz, outrora tão perto. Enumero em silêncio todos os predicados positivos da minha vida, tudo o que é bom e existe, repito para mim mesma que está tudo certo, mas a onda é maior e mais forte que eu. Sou assim. às vezes ela vem, e contra ela parece não haver abrigo nem forças.
Como se eu precisasse, às vezes, de um distanciamento da vida, dos sentimentos, das coisas. Fica um certo vazio, uma apatia, uma indiferença quase, e uma vontadezinha de chorar mas não rola. Como se eu fosse assim um grande vazio a ser preenchido por algo que eu não sei o que é e está fora de mim, e mesmo fora do meu alcance.
Um cachorro ajudava. Nessas horas, ( agora eu já sei o que os cachorros fazem), nessas horas um cachorro nos ensina a simplesmente ser. E ser contente porque sim.
Mas num tem cachorro aqui. E eu me sinto muito, muito sozinha.
O drama é sempre patético, eu sei.
Mas às vezes ela vem. Acontece dela vir. e eu fico assim, dramática e boba.

projetos?

Andam me falando que eu preciso de um projeto.
Minha vida tá assim: dou aulas numa escola que amo, faço ginástica e regime. Leio, escrevo (pouco), tento estar junto dos meus amigos todos, namoro por internet e telefone. Afora o namoro, que é enrolado e que gostaria que fosse mais próximo, está tudo bem, gosto da minha casa, dos meus dias, do meu trabalho, gosto de quem sou. De fato, não tenho nenhum grande projeto me esperando, nem a longo nem a curto prazo, a não ser emagrecer e ficar ainda mais bela, mais livre e inteira. Um projeto de mim para comigo mesma, pessoal e artesanal.
Meu projeto é viver cada dia com atenção e leveza, estar inteira nas coisas que eu faço, fazê-las bem, e ir construindo uma vida boa, feita de dias bons, de horas boas, de bons instantes. Meu projeto não vai além de cada dia. Meu projeto é viver feliz.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Faz um dia bonito em SP.
Eu estou bonita também.
A saudade dói, e eu nem sei o que será de nós.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

vivendo sozinha

Então o meu cúmplice foi lá para a terra onde ele trabalha e mora boa parte do ano, e eu aqui fiquei com as minhas coisas e minha vida.
Uma coisa que sempre conversamos é da importância de termos nossas vidas, cada um, e ele diz que é importante podermos nos sentir plenos e inteiros mesmo na ausência do outro. Isso é importante mesmo, porque é o que garante a verdade do encontro, isto é, estamos juntos porque queremos, e não por medo de nos abandonarmos, de ficarmos sós ou o que seja.
Porque eu aprendi, desde a separação, que a gente é, fundamentalmente, só. Quer dizer, nascemos e morremos sozinhos, e as nossas coisas, as nossas vidas, as nossas dores e alegrias, são nossas, nossa responsabilidade . è preciso estar muito inteiro e autônomo para construir um grande amor e uma grande história.
Vejo minha vida como uma obra de arte, e minha pessoa como uma obra também, a ser sempre esculpida, trabalhada. Sempre em progresso e transformação, sempre mais, sempre melhor. Mais ousada, mais bela, mais louca, mais livre. Tenho um cúmplice profundo, e esse é o projeto dele também, mas agora, meus dias são só meus.
Não há com quem dividir a comida, as contas, o dia.
Sou eu.
E eu me acostumei a tê-lo por perto, bem perto. E agora é se acostumar de novo, comigo comigo mesma.
E eu sou boa companhia, e tenho meus livros, meu corpo, minha escrita e minhas coisas.
Mas namorei muito nos últimos meses, e vi que era bom.
Agora é ver que é bom também esse processo de viver só. E curtir a distância e ver o que ela nos traz.
saudade.
vontade de estar perto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

a organização dos dias

Cada um tem seu modo e mania, e cada um vive do jeito que escolhe e pode.
Há aqueles totalmente regidos pela ordem do trabalho ou da empresa, e esses pouco têm a dizer sobre a ordem de seus dias. Seus horários de lazer, amor, cuidados, cozinhanças, bebedeiras, amizades, insônias e sexo são regidos pela ordem do cartão de ponto . Poucos conseguem construir seus próprios dias, roubar da ordem da vida tão tomada pelo trabalho um pouco de desordem, e subjetividade. Poucos conseguem se organizar decidindo que gostam de trabalhar até as quatro da manhã e dormir todos os dias até as três da tarde. Isso faz parte de uma vida livre, e é claro que esse negócio de ter que viver e se sustentar e trabalhar aprisiona a todos nós. Já pedi mil vezes que alguém me desse uma renda fixa até o fim da vida, e eu nem precisasse mais trabalhar nunca mais, mas nunca ninguém me ouviu

De qualquer maneira faço um esforço para, dentro do imperativo do horário de trabalho, organizar a vida de modo um pouco mais autônomo e livre.

Isso é se conhecer.
Então minhas manhãs são livres, para que eu faça delas o que bem entender. Todas as tardes, trabalho, e à noite, faço ginástica . É assim meu dia. e que assim seja.

onde estamos

Acontece às vezes de estarmos no outro. O outro nos encontra e mostra, olha: você. Quando o outro é uma pessoa apaixonada por nós, não há alegria maior. Dá força e até sentido para a vida. Ia escrever que o ideal é não depender de ninguém, e estarmos sempre em nós mesmos, e pronto. Mas não. Estamos sempre nos outros.
Eu estou nos meus alunos, que crescem comigo, e escutam ( ou não ) as coisas que eu digo e fazem ( ou não) as coisas que eu peço que eles façam. Estou na minha família, e no jeito como eles me olham e cuidam de mim. Estou nos meus amigos, no meu ex, na minha história. Estou nos homens que me olham com desejo, e nos homens que me olham sem desejo algum. Estou no homem que gosto.
O problema é quando aquele outro que nos faz ter sentido, forma e aparência não pode, não quer, estar junto de nós. Não do jeito que queríamos.
E aí?
o que a gente faz ?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

cuidar de si

então fica sendo importante se vestir, arrumar as mãos e os pés, depilar os pêlos retirando-os todos um a um, colocar a sandália e tudo o mais, porque assim parece que a gente se estrutura e se reencontra, de alguma forma. Porque quando tudo parece que fica meio estranho por dentro, é bom ao menos se olhar no espelho e encontrar alguma forma plausível.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

comidas e comidas

às vezes como como quem cumpre uma tarefa. Por obrigação, porque mandaram-me que coma de três em três horas e pico o tomate porque mandaram-me também que coma alguns nutrientes e me explicaram que eles devem ser coloridos, que o prato não deve ter uma cor só. Junto tomates, ervilhas, miojo sem molho e lá vou eu, cumprir minha função de gente e ser vivo . Quando a comida deixa de ser diversão, sei que estou triste. O mesmo acontece com a vida. É chato viver por obrigação.

do nome das coisas

As coisas nascem e logo têm um nome. Diria mais, diria mesmo que sem nome parece que as coisas nem são direito, uma mania essa, dar nome para as coisas porque parece que é com nome que as coisas são.
O maior parto do blog foi o nome. E que nome besta. Mas enfim, tá valendo, e continua valendo, até não valer mais.