às vezes tenho impressão de que quando a vida é bem vivida, quando não é uma vida às meias, fingida, interpretada, uma vida mentirosa, quando a vida faz valer seu nome, às vezes tenho a impressão de que quando a vida é vida, enfim, ela é sempre iluminada, seja de que luz for.
Pode ser a luz branca do hospital, a luz da sala, a luz do banheiro escuro, a luz da luminária nova, a luz da manhã,a luz da nossa cidade, a luz negra, a luz branca, a luz sem nome. A vida tem forma, e contorno, e sombra, e luz.
A luz do mês de setembro, a luz que já foi, o fato é que - como se fossem transístores movidos à vida - as luzes estão lá. E continuam vivas, acesas piscando e iluminando a vida, as experiências, o que fui e o que vivi.
e às vezes, às vezes, numas dessas curvas de esquina, bem chatas e ruins, as luzes têm que adormecer, se apagar, ficar quietas e parar de iluminar os sonhos.
porque elas já foram. e não são mais.
perduram porque o caminho é longo, mas a fonte já se apagou.
e o que as sustentam é a memória do que um dia já foram,e a luz persiste, querendo vingar.
mas a vida não é a luz das estrelas já mortas.
e, às vezes, a gente tem que deixar as estrelas dormirem.
que triste.
eu vou ser mais específica, porque eu odeio metáforas.
a gente vai lá e vive uma coisa linda, uma coisa que faz sentido, e isso é o bastante. às vezes a gente vai lá e vive uma coisa que faz muito sentido e isso é mais que o bastante, isso é brilho de estrela .
mas aí sei lá o que acontece, muita coisa acontece, e o sentido fica sem sentido. aquilo que outrora se encaixava tão bem, tão certo, tão sem atrito, fica pedindo para dar certo. E se pede, é porque já não dá.
e aquele belo holofote, ou aquela bela luz de lamparina lua, sol, lanterna, qualquer uma, que me iluminava, e iluminava mesmo a vida, é a memória do que já foi um dia.
e é duro, difícil, dizer adeus.
mas as vezes,as luzes precisam adormecer,e a gente precisa saber que acabou.
mesmo que isso me signifique um céu sem estrelas.
e é uma droga.
e me desculpem pelo post brega.
mas é que, às vezes, o amor é assim.
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4 comentários:
Lulu, querida, cheguei de viagem ontem. Tanta coisa linda, amiga. Tanta coisa pra contar ao vivo ... Uma coisa: lendo teu post fiquei com a sensação de que às vezes a luz pode até apagar, mas a questão é saber vivê-la enquanto ela tá lá nos iluminando. E você faz isso, amiga. Beijo saudoso!
Lu, as luzes se apagam isso é um fato. Mas se é de amor que se está falando, o bom é que outra(s) pode se acender, talvez ainda mais forte.
Beijo,
miranda
Então você também escreve mais quando está triste e não precisa tanto de palavras quando está feliz.
Deve ser de família.
Se for, guarde para ler mais tarde, quando este momento estiver tão distante que vai parecer a vida de outra pessoa,e você, muito serena e iluminada, vai achar lindas a coragem, a paixão, a intensidade e até a dor desse tempo, bem como as imagens que você criou para descreve-las.
Afinal, você tem luz própria.
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