terça-feira, 9 de setembro de 2008

o uso da palavra amor

Quando a gente ama, sabe que ama. Uma palavra para lá de desgastada mas que se traduz em vontade, vontade de estar perto, de saber os passos, de ser testemunha da vida e dos detalhes da vida do outro, e ter o outro como testemunha da nossa existência. A gente ama e entende e sabe e compreende o outro, profundamente, e se emociona com detalhes nos quais ninguém mais repara, e sabe de coisas que ninguém mais sabe, e ri, e sente falta. A gente ama quando mesmo distante o outro nos acompanha profundamente, sempre, para onde quer que vamos, levamos o outro comigo e somos e nos fazemos melhores porque amamos, e sabemos que o outro vai ver, saber, e gostar. É muito bom amar.

Eu encontrei um amor, um novo amor, um grande amor, um amor no tempo, um amor profundo e cúmplice. E eu talvez desista desse amor, e deixe ele de lado até que vá sumindo, diminuindo, ficando como lembrança de uma intensidade embaçada, uma saudade enorme, do que fomos e do que seríamos.

Porque o meu amor se divide em duas, igualmente. E isso é muito sofrido.

E embora amar seja o que há de mais importante na vida, o que há de mais lindo e belo na existência, embora amar seja tudo e embora amando eu seja uma pessoa maior e melhor, eu não quero estar numa relação que o tempo inteiro é acompanhada de sofrimento, meu, da outra.

Eu quero uma relação livre, aberta, linda, onde eu me sinta livre e meu parceiro seja livre também e possa dizer: vem, venha, sempre que você quiser ou precisar, eu estou aqui, minha casa está aberta, eu estou aberto, e você é prioridade na minha existência.E eu possa dizer: vou, vamos, sejamos.

É isso que eu quero, isso que eu procuro, na nossa inteireza sermos, para nós e por nós, sem deixar que nada se coloque entre nós, construindo nossa obra de arte que é a vida, a arte e o amor. Quero férias junto, quero viagens, quero namoro, quero cumplicidade, quero acompanhar, quero cumplicidade, quero cuidar e ser cuidada, quero poder não contar os tempos, nem os dias, nem as horas, não quero me sentir competindo o tempo inteiro, quero inteireza.

Então, mesmo amando e sendo amada, me sinto só, e estou só, e lá vamos nós outra vez. de novo e sempre, `a procura de uma vida simples e leve, que possa ser compartilhada numa boa, com felicidade e alegria. Porque uma coisa que aprendi é que a gente escolhe como será e como é a nossa vida. E eu quero um amor que me faça sentir bem, leve e segura.

2 comentários:

Camila disse...

Belíssimo texto, que aponta para uma das minhas contradições preferidas do amor. Sim, ele é maior do que a gente, nos ultrapassa e nos controla - e por isso ficamos maiores quando amamos. Mas também, e em vez disso, o amor pode muito bem ser deixado ao relento e ir minguando, se tomarmos a decisão consciente de abandoná-lo.

Qualquer que seja a sua decisão - e seu processo de decidir -, estarei aqui... Queira você abandonar o amor ou abandonar-se a ele. Beijos, querida.

Deborah Leão disse...

Cheguei aqui pelo blog do Alex Castro, e devo dizer que gostei muito do que li.

Achei esse post, em especial, muito bonito, muito verdadeiro, e muito triste.

Parabéns pelo blog!